
O ESSENCIALISMO IMPARCIALISTA:
Poemas para Urano em Touro
Progresso Essencialista
Se o progresso materialista
tivesse, propositalmente
e de modo consciente,
parado as rodas do progresso
sobre a bicicleta,
teria encontrado o equilíbrio
Essencialista...
Em outros tempos o homem
dançou para Deus,
calou a mente com uma oração monóloga
e viajou para outras dimensões e muito além desse céu azul,
Viu e ouviu em outros planos da consciência.
O essencialismo espiritual,
É o caminho da unidade,
e sua essência é o silêncio da mente e a morte do pecado.
José Nunes Pereira
Quíron
Por que eu haveria de querer outra vida,
por que eu haveria de querer outro momento,
seria covardia querer tudo diferente.
Caso sou fracassado e doente,
por que eu haveria
de querer que fosse diferente!
Eu conto sim! com a misericórdia divina,
mas esse instante, ao menos esse instante,
eu quero com a precisão de uma nota musical,
com a exatidão de uma flecha
perfurando a maçã.
Eu conto sim!
com a piedade de Deus e dos homens
para aliviar um pouco o meu sofrimento,
porém não posso querer uma outra vida,
não posso pedir muito mais que um bálsamo
para meu coração ferido.
Se o momento é uma gota de eternidade,
é nesse instante
que eu devo estar integralmente
e com a mente em silêncio...
Se acaso há de fato algo para ser feito
por minha alma, só pode ser agora,
ela é eterna e desconhece o tempo
do qual meu corpo está sujeito.
A vida não é imprecisa,
se estou assim no mundo
é porque é assim
que eu tenho que caminhar no mundo,
não posso negar esse momento e essa vida.
Se estou assim no mundo
é por que é aqui,
nesse modo de estar no mundo,
que está a minha ferida e a minha cura,
é aqui que eu posso curar
um pouco das dores do mundo.
Querer outra vida
é negar, negligenciar
e abandonar a minha cruz no caminho;
agindo assim não posso viver
o silêncio na mente,
a sintonia com o momento
e a realidade de minha própria vida.
Eu não sei como estou me saindo;
o que eu sei
é que vou com que tenho...
não posso esperar o GRANDE MOMENTO,
a alma desconhece o tempo.
José Nunes Pereira
Gotejamento
As palavras deveriam ser
Faladas em gotas que não mata a sede.
A igreja de São Carmo está cheia,
O sacerdote sacia a necessidade de religião do povo,
Porém ele tem muito mais fome e sede
Da presença de Deus e do reino do céu.
O sacerdote,
Quando está em sua intimidade com Deus,
Sobe aos céus.
O casal de namorados
No banco da praça acende o fogo da paixão,
Eles tem muita energia para gastar.
O amor deve viver sempre
Com fome e cede de amor.
Castidade é não saciar,
Nunca, de fogo e amor.
A graça de Deus e o reino dos céus
Tem caído na minha vida
Em gotejamentos,
Deus sabe a hora de saciar-me
De sua graça e do seu reino.
José Nunes Pereira
O Jardineiro do Palácio do Planalto Central
Eu sou o jardineiro do Planalto Central,
Nunca vi lugar para ter tanta gente
Para pisar nas flores e no gramado
Que cuido com tanto amor e carinho,
Desde a inauguração da cidade de Brasília.
Tem um povo de vermelho
Que é um inferno,
Com suas foices, pedras, facões e paus...
Essa gente pisa em tudo.
Não é diferente de outros,
Que dizem não ter partido,
Com seus bonecos, panelas, faixas e panfletos.
Ainda têm aqueles homens de camisa preta,
Todos os dias, de um tempo para cá,
Vem fazendo alvoroço,
Eles entram que nem gato
Atrás de ratos no paiol,
Sai gente até pelo ladrão,
Correm pelo gramado
E se escondem atrás dos arbustos,
Tem uns que lá mesmo fazem suas necessidades.
Eu mandei o chefe do sindicato sair do jardim,
Ele falou que estava lutando por mim,
Para que eu tivesse melhores condições,
Então pedi pra ele uma tesoura nova.
O sindicalista disse que não era nada disso,
Que ele falava de me tirar do subemprego...
Fiquei me perguntando:
Quem é que vai aparar a grama
E cuidar do jardim do Palácio Central.
Não entendi!...
Eu ganho mais que professores, doutores e advogados
Que são muito bem estudados...
Tudo bem que sou bom no que faço!
Sim, sou um simples jardineiro,
O que eu sei de política
É que todo mundo tem que trabalhar e ser honesto,
O resto é conversa para doutores.
Tudo que eu quero é que não pise no gramado.
Vou falar para o Presidente
Colocar uma placa com os dizeres
"Não pise nos canteiros de flores e no gramado."
Vou pedir que ele faça uma lei
Pra multar quem pisar e sujar o jardim do Planalto.
Para esse canteiro de flores
E para esse gramado
Eu sou mais importante que todos
Os reis e Presidentes que passaram por esse Palácio.
José Nunes Pereira 18-05-2017
(corrente literária Essencialismo)
Gota da Eternidade
Não existe momento
Mais intenso que o instante do nascimento,
E o momento da morte.
O instante é a raiz da vida,
O instante não permite o pensamento,
O instante é uma gota da eternidade.
Os pensamentos soltos não conseguem existir
Na consciência de um instante,
Se ocorrerem pensamentos soltos
Dentro dessa gota de eternidade,
Não há consciência nesse instante.
Dentro dessa Gota da Eternidade
Só pode existir a intuição,
A voz sutil de um plano metafísico.
José Nunes Pereira
Essencialismo Imparcialista
O essencialismo imparcialista é uma fase do Imparcialismo,
com a poesia que anda entre os conceitos sem incomodá-los
e sem ser incomodado por eles.
O essencialismo é a leveza compreensiva
e livre na poesia e na arte.
O essencialismo é a poesia atômica.
Os pilares do essencialismo é a substância criadora,
é o fundamento universal comum a todos
e inegáveis para a religião e o homem.
O essencialismo imparcialista
é a essência capturada num instante de silêncio,
é a significância que nasce da consciência
de insignificância diante da eternidade,
por isso, o essencialismo imparcialista
é uma mão dada a tudo que está além da efemeridade da vida.
Sem a mística o essencialismo imparcialista
seria a ausência desesperadora de significado da vida
O essencialismo imparcialista só pode existir
olhando para a essência atômica da coisas
e a transcendência da vida humana.
Sobre os aspectos físicos e os acontecimentos da vida
Há um relativismo e uma mecânica apavorante.
Não fazer falta a ninguém,
Não ser significativo o suficiente para ser transcendental,
faz do sucesso, do reconhecimento acontecimentos relativistas, presos
e sujeitos ao tempo e a efemeridade da vida.
Uma gota da eternidade é tão palpável
que os acontecimentos e a nossa significância
é insignificante e mecânica.
José Nunes Pereira
Maior que a vida
Um instante,
de consciência absoluta
é maior que a vida,
seja de fracasso ou vitória,
diante da transcendência da consciência,
sucesso e fracasso são relativos.
Uso palavras sinônimos
de tempo, porque não dá para
falar da vida em elas;
Quando na verdade a consciência
transcende o tempo e o espaço
José Nunes Pereira
Desidratação
O essencialismo imparcialista
é a vida desidratada de ilusões,
é cada instante de insignificância,
intuição, consciência e silêncio,
que transcende e dá um significado
espiritual a existência humana.
José Nunes Pereira
Sem Religião
O disco voador pousou na esquina
O monge levita
Sua mística não pertence a essa religião.
O monge medita
Sua meditação também não pertence a essa religião.
Quiseram roubar o disco voador,
Quiseram prender o monge e sua mística,
Tentaram ser dono do Santo
Mas o místico pertence ao seu Deus Interior,
Sua mística pertence as virtudes da alma.
O santo tem o dom da bilocação,
Esse dom também não pertence a essa religião.
José Nunes Pereira
Essencialismo
Roubei as asas da poesia
Que me levou para as montanhas solitárias,
Para os quartos e salas presunçosas,
Para as encenações teatrais dos gestos,
E para a vida de velho amargo
Rabugento com o fracasso.
Roubei as asas da poesia
Com suas asas caminho
Dentro dessa multidão,
Igual criança, vejo fantasmas,
Indiferente com as concepções
Dos homens inteligentes.
Roubei as asas da poesia
E com ela caminho entre os átomos,
E pairo sobre as águas,
Ela é o espirito de Deus.
Ando sem fronteiras e paredes
Caminho de mãos dadas
Com o espirito universal.
Não tenho linha de pensamento
Caminho por aqui, ali e acolá
Como se caminhasse
Entre as paisagens no caminho.
O essencialismo surgirá
Dentro do caos e do baile teórico
Igual a uma criança displicente,
Alegre e de espirito leve.
Obedeço e compreendo a lei
Igual ao menino
Quando a mãe diz:
_Não pode!
Talvez paira sobre essas asas
E esses pés descalços a alma do poeta
Ismael Nery.
José Nunes Pereira