O príncipe adormeceu á sombra de uma árvore,
Um mendigo aproveitou se do descuido do príncipe imprudente,
E com sua própria espada o degolou,
Roubou suas roupas e tomou o seu lugar.
O Rei, que nesse tempo já era viúvo, velho e doente
Ficou muito triste e morreu esperando
Que os soldados encontrassem seu filho muito amado.
Passaram se duas semanas e o mendigo
Vestido com as roupas do Príncipe foi encontrado.
Algo inesperado aconteceu,
O mendigo, depois de um banho e outros cuidados,
Ficou idêntico ao Príncipe Felipe.
O que ninguém sabia era que o rei
Foi pai de um menino renegado,
Filho de um linda donzela muito pobrezinha,
Que trabalhou no castelo como ajudante de cozinha.
Essa moça bela morreu no parto,
O menino foi deixado em um orfanato
De onde veio a fugir e se tornou mendigo.
Os soldados conduziram o rapaz com os trajes do Príncipe
E o apresentou no castelo como novo Rei verdadeiro,
O príncipe que roubou o poder e o trono do seu meio irmão,
O primeiro herdeiro na linha de sucessão,
Foi rejeitado pela nação.
O novo monarca era orgulhoso, vaidoso, arrogante e prepotente,
E além de tudo não tinha bons modos e educação de um nobre.
O que deixou os membros da corte muito desconfiados do futuro rei,
É que ele não sabia falar em público e nada sabia de lei
Os conselheiros do antigo Rei começaram uma investigação.
A velha senhora Beatriz tinha com a nobreza um elo,
Foi mãe de leite do Príncipe Felipe
Por isso foi chamada ao castelo.
Essa mulher contou que o verdadeiro nobre
Tinha uma pinta de nascença no calcanhar do pé esquerdo.
Para a senhora Beatriz não foi preciso mais do que olhar para o falso príncipe
E concluir que não era o seu Felipe.
A começar pela grosseria e a falta de educação,
O Príncipe Felipe era elegante nos gestos e na fala, era cortes e gentil
E isso se via em seu olhos bondosos.
O falso príncipe tinha olhos de tirano e vil.
A velha se virou para ir embora diante da indiferença do falso príncipe,
Enquanto dava as contas ela se lembrou daquele filho bastardo do Rei...
Ficou paralisada diante do terror do destino,
Não pode aceitar seus pensamentos que diziam que o rapaz
Que se autodeclarou Rei era o filho da bela Heloísa,
Aquela moça muito pobre que trabalhou no castelo
E foi expulsa porque ficou grávida de um membro da nobreza.
A senhora se conteve, e foi embora assustada com seus pensamentos,
Quando chegou a porta do palácio
A senhora Beatriz disse sussurrando a um dos conselheiros da realeza:
_Esse rapaz não é o Príncipe Felipe!
_Eu o vi esses anos todos em que estudou na Inglaterra,
posso afirmar que esse rapaz com olhos de tirano não é o Felipe.
Os conselheiros foram investigar
Em todos os lugares em que o Príncipe viverá nos anos de estudo
E conclui que de fato a senhora Beatriz tinha razão,
Mas onde estava o príncipe Felipe
Esperado pela nobreza e por toda a nação.
Para desmascarar o falso príncipe,
Os conselheiros chamaram ao castelo os melhores historiadores do país
E um grande homem conhecedor de lei
Para conversar com o suposto Príncipe Felipe.
Essa emboscada intelectual foi armada para o falso Rei
Porque o verdadeiro Príncipe era um profundo conhecedor da história do mundo.
Como era de se esperar o falso Felipe se negou a discutir qualquer assunto,
Fugia do confronto, dizia que odiava conversa vazia.
O falso Rei gostava de caça e rinha de galo,
Seus gostos entraram em confronto com tudo o que sabiam de Felipe;
Um rapaz estudioso e conhecedor de filosofia.
Os dias foram passando
E o povo não suportava mais os desmandos do falso príncipe e rei.
As investigações prosseguiram até que encontraram,
Próximo aos esgotos da cidade,
As ossadas de um rapaz.
O corpo foi levado em segredo para os laboratórios do castelo.
A velha senhora Beatriz foi chamada imediatamente
A senhora pensou que seria impossível reconhecer o cadáver
Mas para surpresa de todos ela caiu num choro desesperado e disse
Para todos os presente:
_É o Príncipe Felipe!
Olhem a corrente de ouro no pulso dele!
O príncipe estava com essa corrente na última vez que eu o vi,
Essa é uma peça única, feita especialmente para o Príncipe.
Ela concluiu: _ Quem o matou estava tão apressado
Que não quis perder tempo com a corrente de ouro no pulso.
Como era de esperar, a culpa caiu toda sobre o príncipe falso,
Que confessou tudo!
Disse que sabia que era meio Irmão do Príncipe Felipe.
O Rei o havia procurado nos lugares mais pobres e sujos da cidade
E o propôs uma condição:
Deixar o país em troca de uma grande pensão...
Mas o filho renegado ambicionou a coroa e o poder
Se negou assinar o acordo com seu pai, o Rei.
Para a alegria dos plebeus
O falso rei foi morto em praça pública,
Junto com outros réus.
Nesse mesmo dia chegou a Princesa Isabele,
Que veio de um país distante,
Prometida em casamento ao futuro Rei Felipe.
A Princesa Isabele ainda não sabia da terrível tragédia:
A morte de seu amado Príncipe Felipe,
Assassinado pelo seu meio irmão,
O mendigo que se tornou príncipe.
JOSÉ NUNES PEREIRA