O soldado furioso
e o poeta de amor apaixonado
por uma deusa no céu e por uma deusa na terra,
caminham, navegam sobre a névoa que encobre
o tempo e a vida.
O poeta dizia:
Amar apaixonadamente,
ver se, e ver com os olhos do amor
é o néctar, a essência da vida espiritual.
Sobre essa névoa do tempo
sobre essa névoa suspensa no ar,
essa névoa de pensamentos
que encobrem o passado, o presente e o futuro,
sobre essa névoa que não se prende a nada,
e existe suspensa sobre a matéria
que é condensação de tempo e espaço;
o pensamento, essa névoa do tempo e da vida,
encobre os olhos do navegante e do caminhante,
que feito soldado tenso, valente, vive atento a todo instante
para não ser devorado pelos inimigos
que aproximam e surgem da névoa.
O poeta de amor apaixonado
vai por essa névoa
seus olhos são os olhos do amor
e da devoção a mulher amada,
o poeta vê além da névoa do tempo e da matéria.
O poeta é as vezes o soldado furioso
que esquece os olhos do amor.
Nunes