Poema e veneno
O poeta foi envenenado,
sobre seus versos escritos
no verso de um folheto de propaganda
estava o frasco do veneno mortal.
Não peço o seu aplauso,
não peço o seu dinheiro,
não peço suas palavras de elogios,
não peço nada...
rejeições não me assustam e não me machucam,
porque só me importo com o que pode andar comigo,
com o que tenho afinidade, amor e pode andar comigo.
Apenas faço poemas
para dizer o quanto sou desiludido com esse mundo,
apenas faço poema porque não há outro modo
de dizer a não ser com poemas.
Meu verso não está á venda a qualquer preço,
o seu preço é muito alto para meus versos
que não se dobram aos seus interesses,
meu verso é venenoso para o seu paladar.
Faço verso apenas para que um dia surja a resposta
para as questões que me intrigam:
os sofrimentos e ganâncias dos homens,
porque aceitamos tanto sofrimento sem nada em troca,
porque somos tão medíocres a ponto de sofrer em vão,
e porque tanto apego a nossa insignificância,
isso nos faz muito próximos aos ratos vivendo no esgoto.
Essa insistência só pode ser explicada com a fé e a esperança
de que teremos dias melhores, de outro modo
é incompreensível esse apego a uma vida de amarguras
que doe até o osso.
Nunes