
O Discurso
O discurso alimenta o discurso
que alimenta a esperança,
que alimenta a eterna busca
por uma realidade que não se realiza.
Para manter a esperança de uma realização
sempre futura é preciso alimentar o discurso
que vive de discurso,
porém, quem faz o discurso deve saber
que é apenas discurso que alimenta o discurso
e o sonho de uma realização
que nunca será completa.
Quando realizamos plenamente o discurso
ele deixa de ser discurso e se torna realidade,
no entanto, a realização efetiva do discurso
transforma a realidade que destrói o discurso.
O Poder é exercido com a eterna alimentação
do discurso que alimenta o discurso que alimenta
o sonho de uma realização do discurso.
O discurso alimenta o discurso
que alimenta a esperança, porém a realização
plena do discurso jamais deve ser realizada
ou incentivada pelos donos do discurso,
porque a realização plena de um discurso
eleva o praticante do discurso a um outro patamar,
e a um novo degrau que rompe
com o discurso e coloca os praticantes
em uma nova oitava de realização.
O discurso é produto e matéria prima
que se alimenta e se reproduz
de si mesmo e em si mesmo.
Para alimentar um grupo de pessoas
é preciso alimentar o discurso
com o discurso e a eterna promessa de realização futura,
porém, deve se fazer barreira e dificuldades
para que nunca se realize a realidade prometida,
caso essa realidade seja alcançada
serão descartados os donos do discurso,
e a realidade alcançada exigirá aos donos dos discursos
novos discursos e novas promessas,
porém agora esse grupo será mais exigente e efetivo
em suas esperanças e realizações do discurso.
O discurso é alimentado com o discurso
tanto no intimo do indivíduo quanto em sociedade.
As revoluções e as revoltas contra os discursos
nascem da esperança que se cansa
do discurso que nunca se realiza
Nunes