
Solidão de existir
Quem sopra o vento,
quem aquece o Sol,
quem queima o fogo,
quem clareia a luz,
quem chove sobre a chuva,
quem é o chão desse chão.
Eu te vejo
mas não me vejo por inteiro
para me ver preciso sair de mim
e olhar quem sou,
depois tenho que sair desse que sai de mim
para olhar quem é esse segundo que sou,
e nunca me verei por inteiro.
Um vento sopra outro vento,
um fogo aquece outro fogo,
um Sol acende outro Sol,
uma luz clareia outra luz,
uma chuva chove sobre outra chuva
e uma onda engole outra onda
e todas é esse mar.
E eu me olho como outros olhos
que me olha de outras formas de existir.
nunca haverá solidão de existir,
tudo se encontra: fogo, vento, chuva e luz,
e se completam e se interagem
feito almas gêmeas.
Uma vela acende todas as velas da romaria,
um coração acende o amor
em todos os corações do mundo.
Nunes