Tudo automático...,
Vida automática,
Cama automática,
Rotina automática,
Alimentação automática,
Coração, respiração automática,
Beijo, amor e carinho automático...
Amizade automática...
Coisa fria e automática.
Eu gosto de improviso,
Eu amo a novidade,
A pequena e grande descoberta
Gosto do vento imprevisível,
Do fogo que aquece e queima,
Gosto da fluidez das nuvens.
Amo a filosofia que não se prende,
E a ideia de Deus em todas as coisas,
A visão holística do mundo,
Amo a terra e o céu como coisas
Que se entrelaçam feito tranças de mulher.
Gosto de ver a vida com meus olhos de menino
Que aprende e vê o mundo
Como uma gigantesca novidade.
Essas paredes ásperas
Não prendem minha alma
E meus olhos,
Vejo do outro lado do mundo.
Vidas automáticas
Planas, superficiais e lisas...
Até mesmo essa parede branca do meu quarto
É mais profunda, atômica e infinita
Que essas vidas no automático,
Com seus boletos no fim do mês.
Vejo mais novidade nos jardins,
Em uma folha verde,
Nas asas das borboletas,
Nas nuvens de um entardecer de inverno
Que nessas vidas automáticas.
O que eu mais gosto da vida
É esse suspiro pela vida,
Tão vasto e humano
Quando a subida aos céus
E a descida aos infernos.
Para sair do tedioso automático
Nos entregamos ao vício e as imperfeições...
Gosto desse prazer da alma livre
Da escravidão e do labirinto dos pecados
E transcendendo dimensões,
Nunes