Aquele sapato já esteve na vitrine,
Ninguém se interessou por ele,
Foi um sapato pretensioso...
Agora está empoeirado no depósito.
O sapateiro quis me vender aquele calçado,
Segundo ele, os sapatos do destino...
Quis me vender um par sapatos
Que não foi encomendado por ninguém,
Não foi pedido por ninguém...
Um sapato que foi para o depósito.
Esse sapato se parece muito comigo...
Não fui requisitado,
A mim nada foi pedido,
Me fiz por conta próprio,
Depois fiquei esperando ser usado...
Até o momento fui igual a esse sapato,
Produto parado no estoque,
Coisa desnecessária,
Não encomendada.
O sapato do sapateiro
Me trouxe uma lição,
Nesse ponto,
Esse é realmente o sapato do destino...
Fiquei no estoque, envelheci no depósito,
Esperando ser usado,
Mas eu não fui encomendado...
E não passei de um sapato presunçoso.
Esse sapato me fez pisar o chão
Depois de vinte anos...
Essa lua cheia numa sexta-feira treze
Iluminou o meu destino,
Feito aquele sapato,
Calçarei o pé do primeiro mendigo.
Não espero mais,
Não estou mais a disposição...
Não faço mais do que me é pedido,
Feito o padeiro,
Aprendi a fazer o que pede a demanda do dia.
Nesse dia treze de lua cheia,
Morre o orgulho e a vaidade de sapato prepotente,
Fui um sapato ornamentado e desnecessário,
E que não foi pedido,
Agora sou muito bem usado nos pés do mendigo
Que dorme na praça.
Nunes