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Coisa sorrateira



Guardarei a vida em silêncio,
Sou a flor fruto do lodo,
Sou um vacilo da lei,
Sou a sorte de estar vivo...
Sou a semente
Que cai na rachadura do asfalto.

Eu não estava no roteiro do mundo,
Não fui agendado para a vida
Sou aquilo que deu errado
Mas foi aproveitado para alguma coisa.

Peço perdão ao criador,
Mas um Querubim me deu á força descomunal 
E pude sobreviver ao destino.

Não estou na agenda do mundo
Por isso eu peço misericórdia
Aos seres de luz,
Peço que ignorem minha existência
E me deixe viver no desterro do
Mundo, num canto escuro,
Nas ruínas de uma casa abandonada.

Eu  sou o aborto da lei e da natureza,
Sou o que deu errado,
Mas que sobreviveu ao mundo.
O carrasco, o verdugo, o carcereiro
Vacilou, a corda ao pescoço ficou frouxa,
E escapei da morte.

Sou aquele cachorro de rua,
Doente e cheio de sarnas,
Esse cachorro magro
E esfomeado chutado das portas dos mercados.
Sou esse cachorro de rua
Que sobreviveu ao frio, a fome e a morte.

Fui esse cachorro de rua implorando
Sua atenção, sobrevivi ao desprezo,
Agora peço que por misericórdia
Me deixe sobreviver com os restos de comida 
Que eu pego do vosso lixo.

Sou a caça que se fez de morta,
Agora vivo e escolho esse caminho
Que não era o meu caminho.

Peço aos seres de luz
Que não  me tire essa chance
Que ganhei por uma vacilo
Do destino, que já teve sua chance
De por um fim na minha vida.

Eu sou um pequeno erro de cálculo,
Sou a coisa sorrateiro que cresceu 
Nos escombros e longe dos olhos do mundo.

Sou Ismael e sua mãe
Deixado para morrer no deserto.

J.Nunes

Conceito de Imparcialidade na Literatura Imparcialista

Conceito de Imparcialidade na literatura Imparcialista : Literatura brasileira